terça-feira, 7 de outubro de 2014

Desabafitos de 2ª Feira

“OS CHICOS ESPERTOS DA MINHA TERRA”

Em 46 anos de carreira de músico, já tive de engolir muitos sapos, mas quem nunca o fez que atire a primeira pedra. Tudo porque a música, para mim não é só um capricho, é a minha profissão, a minha vida e a minha paixão e quando se “ama” de verdade perdoa-se, ou pelo menos tenta-se. No entanto já estou numa fase da minha vida em que posso levar desaforos mas de certeza que o troco da minha parte vem quando menos se espera.
Hoje dia 28 de Julho, um dos elementos fundadores do Conjunto Holiday In Portugal do Barreiro, na pessoa do meu Ex colega e amigo José Libertino Figueiredo, postou, uma foto no Facebook do conjunto onde eu estou com a bonita idade de 16 anitos. Recordar é viver e muitas pessoas, resolveram abordar-me aqui na rede, ou em privado, todas elas (pessoas) tinham um denominador comum, a saudade por aqueles gloriosos e belos tempos terem acabado e entre dois dedos de conversa, interrogaram-me o porquê?
Bem quem me conhece de perto, sabe que eu tenho uma teoria que tenho defendido e que considero válida sobre este assunto, mas que iria preencher muitas páginas e eu preferia antes fazer um debate público, dada a complexidade que o mesmo contém.
Mas ainda assim vou deixar aqui 2 exemplos dos muitos que poderia citar visando as 2 maiores coletividades do Barreiro, refiro-me aos Franceses onde cresci como músico e Penicheiros, onde tive o privilégio da atuar imensas vezes.
Nos tempos em que o Sr.º Bernardino Matias foi Presidente dos Franceses, alternando com o José Augusto velha gloria benfiquista para o identificarem melhor, os Franceses fervilhavam de atividades, havia 2 Matinés e 2 Soirées por Mês, havia Revista Carnavalesca e o Bar dava dinheiro, havia salas sempre cheias, Réveillons e Carnavais onde não cabiam uma palha e onde os sócios se “debatiam” para ter uma mesa nos eventos e que tinham de ser reservadas com muita antecedência. Foram Anos que marcaram profundamente muitas gerações. Eu fiz mais de 25 Passagens de Ano e os mesmos Carnavais nos Franceses por isso caros leitores devem de calcular que eu sei muito bem o que estou a dizer, direi ainda mais! Depois de mim como músico claro, tudo acabou mas já lá vou, não quero que me julguem convencido. Apesar de haver sempre algo interessante para levar público aos Franceses, a Direção Presidida “anos a fio” pela dupla José Augusto/ Bernardino Matias, foi sempre muito contestada por outros Ex dirigentes que eram figuram emblemáticas da massa associativa, mas verdade seja dita que se fizeram grandes melhoramentos, como o pavilhão Gimno desportivo e um deles e o infantário por exemplo. Não tenho a menor dúvida que o nome do José Augusto serviu para dar mais credibilidade aos apoios que a coletividade ia tendo e deviam de ter ficado por aí, mas não ficaram. Cometeram muitos erros seguidos, onde a maior asneira foi terem aberto uma Discoteca por debaixo do salão de baile, e isso incomodava e de que maneira, o barulho era ensurdecedor, cheguei a ter de atuar a contra relógio, porque na altura o “dono” da discoteca, me ameaçava que às 0.30h arrancava com a música, lembro-me de haver teatro e o “dono” da discoteca estar-se nas tintas para o que se passava no salão nobre, de mulheres a serem molestadas quando vinham a sair dos bailes, por bêbados e drogados que estavam a curtir a “night” depois de saírem da discoteca etc… por causa dessa “brincadeira” dividiram-se opiniões, criaram-se antagonismos e a desertificação começou a tomar forma, muitos sócios deixaram de o ser, muitos pais não queriam que os seus filhos assistissem a muitas cenas tristes mesmo à porta principal dos Franceses e deixaram de ir. Hoje é o que se sabe. Serviu alguém e para alguém, mas não os sócios isso foi limpinho.
A gestão social foi mal feita, lembro-me de passagens de ano a abarrotar pelas costuras com as mesas cheias onde o socio pagava 2 contos por uma mesa e 4 cadeiras e tinham de ir carregados com o farnel e às 2 horas da manhã a dita estar acabada, porque a Direção assim o entendia. Aos poucos comecei a ver clareiras no salão onde anos antes não cabia uma agulha e entendi que algo tinha de mudar e ser feita uma abordagem social diferente. Entretanto Bernardino Matias faleceu e o descalabro começou!
O José Augusto que até aí e na minha opinião, no que dizia respeito às atividades recreativas, mormente as festas no salão, tinha tido uma postura mais passiva, vê-se na contingência de ter que assumir as “despesas da casa” nesta área, mas como a sua vida particular não lhe permitia grandes investimentos de tempo, não teve outro remédio senão passar a bola a outros e é aqui que aparecem os chicos espertos, que sempre viveram na sombra de alguém mas como de repente lhe dão algum protagonismo, querem mostrar trabalho, mas o seu Q.I nesta matéria foi altamente deficiente e começou a ser cada tiro cada melro. Resolveram meter para sócio uns indivíduos de etnia cigana, que por sua vez levou a família toda atrás. 4 Carnavais antes de eu dizer adeus até nunca mais á coletividade a quem dei os melhores anos da minha vida, (não é á toa, que o meu nome está lá numa placa logo á entrada do salão), eles compravam caixas de cervejas que traziam para o meio do salão, abriam entornavam o que devia de ser o primeiro gole para o chão e depois faziam a festa á maneira deles indiferentes a quem lá estava. É claro que os sócios, que estavam habituados a uma certa privacidade e segurança, de repente viram-se envolvidos em cenas de pancadaria, mas qual quê pôr policia á porta? Isso foram outros tempos, a Polícia custava dinheiro. È caricato que a Polícia estava a 50 metros da coletividade, mas não a chamavam porque tinha custos. E nesse ano o caso foi muito badalado na altura pela cidade do Barreiro. As más noticias correm depressa e ainda esperei que tivessem tido o bom senso de terem tido coragem de pôr um ponto final na História, mas qual quê? No ano seguinte ainda foi pior e mais um grande contributo para a desertificação. No ano seguinte o José Augusto contrata-me agora já com os Companhia Limitada para fazer a Passagem de Ano e o Carnaval, na altura disse-lhe o Zé Augusto, vocês deviam de dar um mimo aos sócios tipo uma garrafinha de espumante em casa mesa que achas? E ele disse-me boa ideia Camarão e essa foi a última passagem de ano que lá fiz, que correu muito bem com sala cheia de sócios e não sócios pagantes e pensei, bom pode ser que isto se recomponha também no Carnaval, mas qual quê no Sábado de Carnaval percebi que as enchentes de outros tempos já eram águas passadas, mas ainda assim a sala esteve composta e nós a esforçarmo-nos para que tudo corresse bem, só que no Domingo quando a sala abriu houve uma invasão de famílias de etnia cigana e se eles tinham direitos, as “outras” pessoas também podem reservar-se ao direito do que bem entenderem e no caso concreto chegavam á porta e iam embora. No ano seguinte fomos fazer a passagem de ano aos Galitos F. Clube, foi uma passagem de ano maravilhosa, que correu muito bem com porta fechada para estranhos, só entrou quem comprou mesa e a festa durou até às 4.30h da manhã, ficando no ar a promessa de que no ano a seguir era para repetir, mas entrou outra Direção com mais alguns CHICOS ESPERTOS que resolveram alugar a sala a pessoas de etnia cigana para fazerem o seu réveillon privativo e pensaram que se iam safar, porque era dinheiro em caixa sem trabalho como convém. Segundo fontes bem informadas o que ganharam não deu para pagar a limpeza da sala tal foi o estado em que a dita ficou. Agora atenção eu não estou a aqui com atitudes racistas, só me limito a constatar factos reais e nada mais. Claro que a desertificação das coletividades de Cultura e Recreio não se deve a estes 2 pormenores, que acabei de citar. No caso dos Franceses tenho a certeza que contribuiu em larga escala, nos Galitos? Tiveram uma oportunidade de fidelizar as pessoas para terem ali uma situação que se podia tornar tradição, mas foi a única vez que quiseram arriscar. A desertificação é muita mais complexa, mas a culpa não pode morrer solteira e estes erros pagam-se caro. Depois da passagem de ano nos Galitos salvo erro em 2001, o José Augusto contratou-me para fazer o Carnaval, algo me dizia para não aceitar, tudo me cheirava a fiasco, mas era a minha coletividade e infantilmente mais uma vez lutei contra o que já não havia remédio e foi um fiasco… E CHOREI, chorei as 4 noites antes de subir ao palco e olhava para aquela sala quase vazia, eu sabia que aquilo ia acontecer por isso eu não queria aceitar, mas também sabia que não era por minha causa, mas o pior foi quando um MERDOSO da Direção da altura dos Franceses digo bem MERDOSO, um dos tais que teve a sua oportunidade de ser protagonista e “escafedeu” tudo ainda mais quando me quis incutir culpas pelo fiasco que tinha acontecido, dizendo que as pessoas não vinham porque a música não prestava? Eu mostrei-lhe uma lista de todas as músicas que tínhamos tocado porque era uso frequente e disse-lhe, olha para aqui e diz lá quais são as músicas que não são de Carnaval? Ele encolheu os ombros, eu saí e jurei que nunca mais pisava aquele palco como músico principalmente enquanto aquele javardolas lá estivesse. E foi até hoje. No ano a seguir fui fazer o Carnaval para Sintra mas aproveitei o Domingo que eles não toquei e fui aos Franceses ver in loco se era do cu ou se era das calças. Quando lá cheguei fui direto ao balcão e estava eu e o Sr.º Sabino do outro lado do balcão, este senhor chegou a ser Presidente da Direção há muitos anos atrás. Na sala estavam 6 pessoas e sabem porque é que eu lhes chamo CHICOS ESPERTOS? Porque em vez de terem arranjado um conjunto como deve de ser, foram contratar uma jovem organista que independentemente do talento que pudesse ter estava em desvantagem como devem de calcular. Imaginem por favor o palco dos Franceses, com a cortina fechada e a rapariga com um órgão á frente do pano sem luz, sem cor e sem público a tocar para uma sala com aquelas dimensões com 6 pessoas. Ouvi ela tocar 3 músicas levantei-me e vim embora com pena da pobre rapariga que foi atirada às feras. A partir a História fala por si. Os Franceses entraram num declínio tão vergonhoso para a sua História que por fim era o contínuo que arranjava uns principiantes para irem fazer matinées ao Domingo à percentagem acreditam? E nunca mais aquela sala teve o brilho de outrora e nem acredito que com este tipo de pessoas consiga dar a volta. Atenção, eu estou a fazer uma crítica à Direção que estava salvo erro em 2001. Agora não sei nem me interessa saber quem lá está. Mas pelos vistos não houve muitas alterações em 13 anos.
Enquanto isto acontecia nossa Franceses, curiosamente os Penicheiros, continuavam a ter a sala bem com muita gente principalmente na Passagem de ano e Carnaval. Os Penicheiros situa-se numa zona mais bairrista e eu pensei, bem agora estão sozinhos, mas pronto deviam de manter a qualidade, mas não até há uns anos atrás não era qualquer conjunto que ia aos Penicheiros, mas novamente a ideia de que a malta come qualquer coisa prevaleceu e começaram a levar quantidade e a qualidade que se lixe, depois claro eu acredito que as despesas são maiores que as receitas porque os sócios acham que 2 ou 3 euros de cota, isto num exemplo á sorte, chega para tudo, mas os tempos são outros e outrora quando havia vaidade em ser Diretor destas coletividades, hoje? Fogem como diabo da Cruz e quem la fica tem uma cruz enorme. Eu dos Penicheiros não falo muito porque não estou por dentro do assunto, fui lá uma vez oferecer os meus serviços dos Companhia Limitada, mas eles queriam também a passagem de Ano e eu já tinha marcado para o Hotel Club D’Azeitão e eles não aceitaram, na minha opinião deram um tiro no pé ao fazerem isso, porque quando cheguei á porta fechei com a SFAL e nos 6 anos seguintes enchemos aquela sala de boa música e animação durante as 4 noites de Carnaval e a SFAL pelo menos nessas 4 noites renasceu das cinzas, mas pelos vistos há la mais chicos espertos que não percebem que os Companhia Limitada não são um projeto melhor nem pior que outros, vedetismos não é comigo e acima de tudo respeito todos os meus colegas, mas percebo que nós temos uma cadência própria, uma postura diferente, e uma qualidade acima da média, e isso faz toda a diferença. Infelizmente eu que até pensava fechar a minha carreira na SFAL, visto que foi ali que fiz o meu primeiro Carnaval com o HOLIDAY IN PORTUGAL, mas OS CHICOS ESPERTOS depois de eu ter explicado, numa carta registada com aviso de recepcção que enviei para a Direção, que em 6 anos sempre levamos o mesmo valor e que estava na altura de sermos recompensados, mas um pouco por tudo o que tínhamos feito, por termos posto a SFAL no mapa dos melhores Carnavais do Distrito de Setúbal e não só, de termos conseguido em 2013 sermos pagos só com a receita da porta, saibam que nem á merda me mandaram. Quero dizer mandaram, porque nem sequer me deram resposta.
Não vejam ofensa no meu termo CHICO ESPERTOS, eu prefiro que a carapuça seja enfiada a quem ela couber. Aquilo que eu disse é verdade, a desertificação das Coletividades de Cultura e Recreio, é muito mais complexa do que eu aqui aponto, isto é so a ponta do Iceberg, agora acreditem que sem peneiras eu sou um perito nesta matéria, porque estou há 46 anos por dentro deste assunto e estudei-o em profundidade, mas ninguém se admire, afinal os CHICOS ESPERTOS deste PAÍS puseram-nos a pedir esmola.
Eu sei que os Companhia Limitada são um projeto válido, mas desenganem-se se acham que eu tenho a mania que somos os salvadores da Pátria, eu tenho perfeita noção de que não é o nosso nome que agora vai voltar a encher as salas que eu citei, porque eles desabituaram as pessoas, não interagiram com os sócios, porque se eu soubesse que se fosse tocar aos Franceses ou aos Penicheiros ia encher a sala, eu até de borla lá ia. Só que a realidade é muito diferente. As gerações de hoje não querem bailes, os mais velhos querem é danceterias, com pouca luz onde podem soltar a franga é por isso que eu afino quando me dizem “Oh chefe toque aí qualquer coisa para a velhada” ser velho não é um direito é a vida e os mais velhos tem de saber conviver, criar ambiente para os mais novos se sentirem bem e passarem a mensagem às Futuras gerações é aqui que está o “gato” senão é o descalabro total e um salve-se quem puder.
Pela minha parte? Só quero saúde para poder subir a um palco e empregar a minha experiencia e o talento que julgo ter para fazer terceiros felizes, novos e velhos. Mas se houver por aí algum CHICO ESPERTO que se queira redimir, por mim tudo bem não sou rancoroso nem já tenho pachorra para alimentar quezílias de estimação.
TÁ DITO? TÁ FEITO

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