sexta-feira, 14 de setembro de 2012

"TOU FARTO DE P.U.T.A.S" (Desabafos 15 )


Pronto foi desta que o Carlos Camarão gripou o rolamento de encosto e agora só com uma embraiagem nova! Será da P.D.I.?

E será que o amigo(a) leitor(a) teve este pensamento ao ler o “títalo” que eu escolhi para o meu desabafos 15?...

Deixe-me então explicar o contexto desta minha afirmação que deu o mote para um novo desabafo.

Mas primeiro a explicação sobre designação da sigla, para evitar confusões, ou outros pensamentos pecaminosos sobre a minha pessoa.

P.U.T.A.S. = P(essoas) de U(tilidade) T(emporária) para A(ssuntos) S(ociais).

São de uma estirpe pandémica em contínuo movimento, tipo ratazanas de esgoto que proliferam às centenas em cada dia que passa. Fazem de tudo um pouco, para aparecer e serem faladas. A luta pela sobrevivência desta “gentalha” é um vale tudo: “É o diz que diz, entre um não disse nada, em que o ontem já se foi e o hoje deixa lá ver, porque é urgente “magicar” o amanhã”.

As P.U.T.A.S. em questão, não podem de forma alguma e salvo melhor opinião, serem conotadas com a classe das Alpinistas Sociais, porque “essas” primeiro arranjam uma “griffe”, que pode até ser da “treta” e mesmo que não tenham um cêntimo para mandar cantar um cego, sabem manter as aparências.

Mas ainda não é hoje que eu me debruço sobre esta classe de renome Mundial e de muita utilidade pública como deve de calcular.

Estas P.U.T.A.S. a que me reporto possuem um radar com tecnologia de ponta de última geração, que lhes permite detetar um otário a meses de distância, são calculistas, frias e insensíveis á dor e ao toque.

São como o bacalhau, servem-se de 1001 maneiras.

Podem ser apalpadas, fornicadas, estropiadas, usadas vezes sem conta, que depois de lavadinhas e enxutas, ficam prontas a partir para uma nova missão.

Estão sempre em estado de alerta, atacam em grupo, mas na hora do engate é cada uma por si e Santo Panasca padroeiro das P.U.T.A.S. e bichas-solitárias, por todas.

Têm um período de incubação de 6 meses, onde aproveitam para fazer as respetivas retificações plásticas ao corpo, com o intuito de tapar as mazelas das “guerras” que as vitimaram, no Verão anterior.

Fazem também workshops intensivos, com direito a diploma e carta de recomendação.

Algumas delas, as mais bem-sucedidas, fazem Mestrados e Doutoramentos nos Estados Unidos, França, ou Inglaterra, são as chamadas P.U.T.A.S. finas, que depois passam a dar formação e assim se vai repetindo o ciclo, daí que a tendência que se vislumbra, é para que este País continue a ser um paraíso “pro” putedo.

Este homem é um poço de cultura! Dirá o meu querido(a) leitor(a).

Mas não é tanto assim, direi antes que sou um cidadão informado com algum calo no dito cujo e o que me faz falar é a indignação de saber que estas P.U.T.A.S. muitas das vezes são confundidas com a classe de prostitutas profissionais que eu conheci.

NÃO TÊM NADA A VER!... MAS NADA MESMO!

Agora chega o momento em que os críticos dos meus blogs já esfregam as mãos de contentes e comentam: Ah! Ah! Afinal o “gajo”, para ter tanto conhecimento, também vai às P.U.T.A.S.

Porra! Não acabei de escrever que não podem ser confundidas?

A prostituta, está perfeitamente identificada nas classes, de rua, da esquina, do pinhal, do bordel comunitário, dos apartamentos secretos, etc.

E a “essas” até aos dias de hoje, eu nunca fui. Isto falicamente falando!

Porque houve um período da minha vida, em que cheguei a trabalhar de perto com algumas prostitutas profissionais, que me deram uma visão da vida, na juventude, que me serviu para manter um são equilíbrio, pese embora o facto de ter fumado uns cigarritos para rir e ter apanhado umas “laikas”, que me fizeram ocasionalmente pisar o redline, mas nunca me deixaram pôr em perigo a minha sanidade mental.

Mas agora perguntarão vocês, foram colegas de trabalho onde?

Bem!

Comecei a tocar com 16 anos, no extinto Holiday (ver biografia em www.companhialimitada.no.sapo.pt), mas antes de fazer os 18, já tinha trabalhado em algumas casas de “meninas”, na altura com o pomposo nome de “Boite”.

No Distrito de Setúbal e Lisboa conheci em trabalho já se vê, algumas das melhores do ramo, hoje penso que a maior parte delas já fecharam portas. Não menciono nomes, porque quero manter o anonimato de quem lá trabalhou, viveu, ou se desgraçou, já que a vida noturna era e ainda é, um “Mundo” aparte onde se vive, se ama e se morre sem ninguém dar por isso.

Dos 18 aos 21 anos, foram 4 anos de música vividos intensamente e em atividade paralela, já que o meu Holiday era o conjunto de fim-de-semana e de segunda a sexta-feira eu era simplesmente músico de Boite, a designação que mais se usava.

Lembro-me que, em algumas dessas casas, o camarim era comum para músicos, artistas de striptease, cantore(as) convidado(as)s e bailarinas de can can.

Sendo suposto o mesmo ser ocupado alternadamente, mas eu sempre fui um “puto” bem-educado e depressa fui “adotado” por todas elas, passando a fazer parte da mobília do camarim, normalmente composta por um toucador, um banco, um pequeno sofá e um espelho.

Foi lá que assisti, vezes sem conta, aos rituais do veste e despe de todas elas.

Calculo que o leitor gostaria que eu contasse alguns pormenores desses rituais, mas quer acreditem ou não as strippers e bailarinas de music-hall estavam ali para trabalhar e depressa fizemos amizade ao mesmo tempo que eu passei a encarar aqueles “assuntos” como a coisa mais natural do mundo.

Estão a ver os médicos legistas? Pois!..

Havia ainda as raparigas de alterne que se limitavam a fazer o seu trabalho, fazendo companhia aos clientes e finalmente, em locais estratégicos e espalhadas pela sala, as prostitutas profissionais que se faziam pagar pelos “favores sexuais”.

A história de vida da maior parte destas moças, era sempre igual. Paixoneta assolapada, correr atrás de um homem tipo o Mundo acaba amanhã, promessas de amor e uma cabana, aventuras sem fim e zás, lá acontecia uma gravidez inesperada que punha um fim rápido naquela quimera romântica.

Quando a Boite fechava, ás 5 da manhã, uma carrinha da casa, levava estas mulheres a casa para evitar mau ambiente á porta ou abusos da parte dos clientes que, lá por terem a carteira recheada, achavam que isso lhes dava o direito de “achincalharem” as pobres raparigas.

Muitas delas moravam na zona do Miratejo e como eu morava no Barreiro e ia apanhar o barco a Cacilhas, vinha de boleia na carrinha.

Pelo caminho a boa disposição sobrepunha-se ao cansaço e fazia-se um “balanço” da noite, numa franca conversa sem tabus que acabava num convite para torradinhas e um café da manhã na casa das minhas “amigas”, aos quais eu não resistia, pois era tratado com toda as “mariquices”.

Isto só era possível com a conivência do motorista, que jurava a pés juntos ao patrão, que o “puto” tinha ficado em Cacilhas.

Muitas vezes acabei por ficar lá a dormir até à noite seguinte.

Quem não gostava muito destas “pernoitas ocasionais” eram os meus Pais que iam aos arames sempre que eu não ia dormir a casa.

Hoje, devem haver muitos pais que são capazes de achar que isso é muito “matcho”.

Enfim passemos á frente!

Depois das torraditas e de uns chocolates da Regina para adoçar a boca, era o break time para se dividirem os lucros, pois o sono já apertava.

Os lucros de que eu falo provinham de umas “brincadeiras” que a gente fazia e das quais não resisto a contar-vos, pelo menos um dos muitos episódios em que me vi envolvido.

As prostitutas profissionais eram normalmente “free lancers” e tinham uma percentagem sobre as bebidas que conseguiam impingir aos clientes e sobre as que elas próprias consumiam. Ora bem se as “meninas” desatassem a beber tudo o que pediam, a meio da noite já não diziam coisa com coisa.

Então o “truque” passava por encher o copo para a “lady” e para o cliente, depois seguia-se o respetivo pezinho de dança, em que a “lady” levava copo na mão para ir beberricando ao som das músicas, do Nelson Ned ou do Frank Sinatra, que nós íamos debitando.

Quando passavam junto ao palco, deixavam o copo cheio e eu, dissimuladamente, despejava-o para uma garrafa vazia, normalmente de Wiskie White Horse.

Ao final da noite, a garrafinha estava cheia e era devolvida ao balcão. Nós recebíamos um pouco menos de metade do valor da garrafa.

Aquilo deixava uma média de 1.000$00 (ai que saudades que eu tenho dos escudos) por garrafa, para cada um.

Tínhamos noites de encher 4 e 5 garrafas. E foi assim, que comecei a frequentar as cervejarias mais In de Lisboa, banqueteando-me com belas Lagostas, Perceves, Santolas e tudo isto, regadinho com vinho Gatão, o vinho da moda na altura.

Ainda hoje não sei, porque é que não fumo, nem bebo álcool!

Ora continuando, depois do “parte e reparte”, ainda havia tempo para os desabafos, contados já sem maquilhagem e que me levaram muitas vezes às lágrimas.

Foi nessa altura que eu prometi a mim mesmo, que nunca seria um “merdas”, como os outros homens que elas conheceram.

Estas mulheres eram profissionais, que se sujeitavam às mais variadas situações, vivendo cenas humilhantes e degradantes, face às suas condições de mulheres. Tinham de fazer sacrifícios é certo, porque quase todas tinham filhos a quem dar de comer, no entanto como seres humanos deviam merecer todo o nosso respeito.

Ainda hoje quando passo na estrada do Marco do Grilo (estrada que liga Coina a Fernão Ferro) parte-se-me o coração ver aquelas pobres mulheres ali á chuva e ao frio, sujeitas aos energúmenos caprichos de certos merdosos que não ficando satisfeitos com o facto de as terem subjugado a troco de dinheiro, ainda lhes batem por vezes.

Pior ainda, são as atitudes dos “púdicos frustrados de chacha”, que vão passando nos carros a babarem-se todos e que vão disfarçando a sua impotência com umas buzinadelas e uns sorrisos sarcásticos.

MULHERES DA VIDA FÁCIL? O TANAS!

A vida de muitas destas mulheres não são como a canção do Tony Carreira “a vida que eu escolhi”, foram sim os azares e os reveses da vida que as colocaram naquela situação miserável.

Sim, estas são as verdadeiras prostitutas e agora digam lá, têm alguma coisa a ver com as P.U.T.A.S. que me levaram a escrever este Desabafos 15?

Ah pois é!

Claro que não têm!

Então ninguém tem o direito de se sentir ofendido, porque quem não quer ser “loba”, não lhe vista a pele, porque as P.U.T.A.S. que eu foco, só frequentam resorts, pousadas e hotéis de luxo, com SPA.

Quase todas se intitulam empresárias! Do quê? É que ninguém sabe.

Casam-se e descasam-se, inserindo os filhos dessas relações falhadas no convívio com o próximo cliente sem, minimamente se preocuparem com as “mossas” que isso fará nas crianças, algumas de tenra idade. São noctívagas por natureza, porque se aparecerem à luz do dia mostram as suas verdadeiras mazelas e essas, nem os melhores programas de composição fotográfica conseguem disfarçar.

Outras, dizem que têm projetos para televisão, mas que ano após ano nunca se realizam, andam com roupas emprestadas, comem á borla e não têm escrúpulos em se exporem, tudo isto num “dolce far niente” esquecendo-se que os anos passam por todos e um dia destes, nem os cães rafeiros lhes pegam.

Para mim, constituem um péssimo exemplo, pela alienação que transmitem induzindo os jovens a pensarem que a vida que levam é o melhor caminho a seguir.

Não estou armado em puritano e muito menos em salvador da Pátria!

Mas para que percebam melhor o meu ponto de vista, tomemos como exemplo a série juvenil “Morangos com Açúcar”.

Naquela série, que ocasionalmente tive a oportunidade de ver, a fantasia mistura-se com a realidade e toda a gente é “five stars”. Os professores embrulham-se com as alunas e vice- versa, o sexo está sempre presente e em qualquer lado, nos campos de férias, nas escolas, nos bares, na praia, enfim é um vale tudo. Não há escolas públicas, só colégios para meninos ricos e os pais são quase todos, advogados, doutores, professores, empresários de sucesso, etc., enfim uma panóplia de “gente bem”. Os operários, quando fazem parte da trama, fazem papel de filhos da puta ou de atrasados mentais. O álcool e a droga são ali tratados como se fossem um mal menor e os maus da fita têm todos carinhas larocas para atenuar a gravidade da situação, em que foram os protagonistas. Por fim, as miúdas e os miúdos são todos perfeitos, como se ser feio, fosse um pecado mortal. E é desta forma que os mais novos crescem a acreditar que a vida real é como nos “morangos com açúcar”, onde a maior parte dos pais são vexados e reduzidos a uma cambada de ignorantes estúpidos e maus, porque não lhes aparam as golpadas todas.

Na verdade é um pouco assim!

Mas, a vida não deve ser tratada de uma forma tão “fofinha” e linear, porque a sua realidade é bem diferente. Depois crescem e acham-se uns super-heróis, que não respeitam nada nem ninguém.

Se eu tivesse um filho pequeno nesta altura, não o deixava ver essa xaropada, pois há outras histórias de vida reais muito mais interessantes.

Nestas férias os amigos que partilharam comigo os dias de lazer compraram, vá se lá saber porquê, as revistas chamadas cor de “merda” para irem lendo, nos momentos de ócio.

Deve ter sido por causa dos efeitos inebriantes das “vacanças”.

São dessa cor, porque são mesmo do pior que se faz por cá, onde “pseudo” jornalistas da treta escrevem todos a mesma coisa, bastando apenas um “copy past” uns dos outros, dizendo mal só por dizer.

Isto para não falar de alguns “cronistas” sociais, que por lá pululam e que são uma cambada de bichas despeitadas, que passam a vida às ordens das alpinistas sociais para estas, em troca, lhes darem os exclusivos dos “paparrabos” combinados.

Cambada de borregos de carácter duvidoso.

Dei-me ao trabalho de ler todas (À pala, claro! Porque eu não gasto dinheiro nessas paneleirices).

Fiquei “piurço” quando vi as mesmas P.U.T.A.S. de sempre, pelas mesmas razões dos anos anteriores, novamente na “ribalta” a serem recicladas vezes sem conta, semana após semana, continuando a serem um mau exemplo para qualquer um que se prese, mas a serem pagas para serem protagonistas de um filme trágico–cómico, que nunca mais acaba.

Fiquei num estado letárgico e a interrogar-me como é que isto pode ser?

As revistas cor de “merda”, têm a culpa porque lhes dão protagonismo. No entanto, para mim, os maiores culpados são as pessoas que consomem estas aberrações literárias em forma de revistas e alimentam estas parasitas da sociedade.

Pode até ser um mal necessário e eu até posso estar errado, equivocado, mal informado, atrofiado, despeitado ou aquilo que vocês quiserem, mas de uma coisa eu tenho a certeza, digam o que disserem, eu mantenho a minha:

TOU FARTO DE P.U.T.A.S.!

Tá Dito? Tá feito!

(Carlos Camarão)