quarta-feira, 5 de setembro de 2012

QUIS SABER QUEM SOU, O QUE FAÇO AQUI ! (Desabafos 14)

Começo este novo desabafo por pedir desculpa ao Paulo de Carvalho (cantor) por lhe estar a usurpar a frase que um dia escolheu, para título de uma canção da sua autoria. Não que esteja falho de ideias, mas a verdade é que tenho aproveitado estas férias, para fazer introspeção à minha vida social e perceber afinal quem sou eu e o que faço aqui, nesta sociedade decadente. E mesmo correndo o risco de ser considerado um palerma armado em esperto, assumo que não tenho nada a ver com a maior parte desta “gentinha de merda”, com a qual sou obrigado a conviver. Esta tirada conclusiva que acabei de referir, já de há muito que a perfilho, mas quando tenho oportunidade de ficar uns dias afastado do “Mundo” que, diariamente, me rodeia e assento arraiais no “meu paraíso”, em perfeito contacto com a natureza, onde o tempo passa devagar e me sobra para tudo, é que me questiono: “Quem sou eu e o que faço aqui?”

Em termos sociais, considero-me classe AAA, o “tipo” porreiro que respeita mais do que é respeitado. É verdade que muitas das vezes exijo mais do que talvez me possa pertencer por direito e isso já me causou muitas desilusões e muitas mágoas, mas também não é menos verdade que dou sempre mais do que aquilo que as pessoas merecem. Dou como exemplo, para reforçar a minha opinião, o grupo que há 13 anos lidero (Companhia Limitada). Há muito que me podia ter “encostado” à sombra da bananeira e tirar proveitos de 43 anos de carreira como músico.
Como?

Fazendo suporte musical numa das muitas bandas que andam por aí a tocar para as “super stars” da nossa praça. Nos tempos do meu extinto HOLIDAY fiz isso muitas vezes.
Tocar num dos muitos grupos que por aí fazem bailes e têm uma produção cénica, organizativa e sonora acima da média, dar umas aulas de música, montar um estúdio de gravação a sério, etc. etc.….

Quem me conhece de perto, sabe bem do que estou a falar. No entanto, preferi dar a “mão” a jovens desconhecidos, quiçá alguns ainda mais à deriva do que eu, socialmente falando, e investir tudo o que tenho a favor deles.

Na prática, adotei-os pondo em risco muitas vezes a minha integridade física, emocional, familiar, financeira, profissional (versão TCB), entre outras “porras” que nem vale a pena mencionar.
A todos, os que me têm acompanhado nesta aventura musical que se chama Companhia Limitada, eu dei o meu melhor, ensinando-lhes os prós e os contras desta “vida” bonita e gratificante, mas igualmente traiçoeira, que envolve o mundo do “show business”.

Nunca em tempo algum, deixei que os “meus músicos” subissem a um palco para fazer figuras tristes. Para tal eu dedico-lhes toda a minha atenção sem limites, em detrimento da minha família.
Tenho a sorte de ter ao meu lado uma grande mulher de seu nome Maria José Camarão, que “aparou” literalmente todas as “merdas” que eu aprontei para fazer estas pessoas felizes. Hoje, tenho a certeza que 50% do sucesso que tenho obtido com os Companhia Limitada, lho devo a ela. Além disso, quer nos bastidores, quer em palco a contracenar comigo (Revista à portuguesa, Musicais de Natal, etc.), mostrou um talento incrível como atriz de teatro que eu, com toda a experiencia que possuo também nessa área, nunca conseguirei ter.

Ninguém duvide que os Companhia Limitada são uma verdadeira escola de artistas e ao mais alto nível. Ainda este ano, nas festas do Barreiro, com o nosso espetáculo de Tributo aos ABBA, mostrámos mais uma vez o porquê do nosso sucesso.
Nas 3 atuações que fizemos, em Agosto, no Algarve, com vários tipos de espetáculos, as enchentes e o entusiasmo que registámos e que podem ser vistos em vídeo (Youtube e Facebook), aquilatam bem a qualidade dos nossos projetos. Tudo isto é fruto de muito trabalho e muita entrega, que não se compadece de maneira alguma com “distrações” mais ou menos relevantes ou interessantes dos intervenientes nos vários projetos musicais que temos vindo a construir.

 A concorrência é muito grande e muitas vezes desleal. Por isso, quem como nós quer singrar tem de perceber que as hipóteses para falhas têm de ser mínimas e o pior é que conforme o tempo vai passando, a tendência é para “tolerância zero”. Daí que não seja de estranhar que alguns vão ficando pelo caminho, são opções que de “mau grado eu consigo digerir” e que abalam a minha confiança, mas porquê?
Porque eu faço um investimento enorme, conforme já deixei perceber nas afirmações atrás feitas e, salvo raras exceções, nunca têm retorno. 

Ahhhh pois é! Querem que eu me explique melhor? Então lá vai!
Tenho mais de 200 mil euros investidos em material de alta qualidade para ensaios e espetáculos, além de custear todas as produções em termos de guarda-roupa e manutenção dos mesmos.

Tenho a meu cargo todas as despesas inerentes aos pagamentos de rendas, luz, manutenção das viaturas que estão ao serviço de todos, IRS, segurança social e despesas diárias ou pontuais com deslocações, para contactos de trabalho, espetáculos e ensaios.
Faço ainda todo o trabalho de marketing, relações públicas, “discussão e assinatura” de contratos onde sou, legalmente, o único responsável e pontualmente coadjuvado pela Sónia Alexandre.

Isto para não contabilizar as horas infinitas que “gasto” a ensaiar, ensinar e motivar todos os que trabalham nos projetos dos Companhia Limitada.
Serei um Mártir? Népias!...

Porque tudo o que faço e falo é feito de boa vontade, sinto-me é f***** e mal pago, por tudo o resto. 
E por falar em pagamentos!

Querem Mais?
Até à data de hoje, nunca pedi um cêntimo que fosse, a alguém que trabalhe comigo e, caricatamente, em qualquer parte do mundo, quem quer aprender seja o que for tem de o pagar. No entanto, aqui nos Companhia Limitada, mal começam a largar as fraldas, já estão a ser remuneradas. Sendo certo que, a única coisa que eu exijo e da qual não abro mão, é de fidelidade absoluta á minha causa e aos meus ideais e quando não estiverem de acordo, a transparência tem ser imaculada e esclarecida na hora.

Eu aceito um não, mas reajo muito mal a um talvez.
A insegurança que isso me traz, deixa-me de rastos. Não sou nenhum tirano, nem pretendo ser omnipresente, antes pelo contrário. A maior parte das pessoas que me abordam, no sentido de trabalharem comigo, talvez para caírem nas minhas boas graças, desfazem-se em simpatias e atenções tornando-se “eles” sim omnipresentes na minha vida social, laboral e familiar.

Tenho uma máxima que me acompanha desde sempre e que diz o seguinte:
NÃO ME DÊEM NADA QUE A SEGUIR ME QUEIRAM TIRAR, PORQUE EU FAÇO UMA PUTA DE UMA BIRRA DANADA  E ACABA-SE O ENCANTO.

Não há ninguém, mas ninguém, que “ande perto de mim” que não saiba esta minha tomada de posição.
Em suma, eu não peço nada além do que atrás referi, o que é muito pouco para o que me proponho dar.

Agora e se for caso disso, perguntem a essas pessoas, como é que eu passo, de um momento para o outro, de bestial a besta? Como é que eu passo de referência exemplar a um ser abstrato e indesejável? Porque é que ficam de costas viradas comigo?
Já nem falo dos respetivos familiares, porque esses não sabem nem nunca quiseram saber dos sacrifícios feitos para conseguir que as suas “joias da coroa” saltem do 0 aos 100, em tão pouco tempo e sem terem investido um único momento das suas vidas, já que dinheiro, nem vê-lo.

Cada espetáculo temático que eu crio para o grupo, tem no mínimo 6 a 7 meses de ensaios, onde me empenho a aplicar toda a minha experiencia e conhecimentos, para conseguir que “pessoas” com pouca experiencia consigam suplantar as suas dificuldades e possam obter performances de alto gabarito.
Como é que acham que se chega lá?

Pensam que é com paninhos quentes e conselhos dos familiares? Não!
É com muito espírito de sacrifício e entrega que se consegue, chegar até onde chegamos. Agora o que se passa dentro das nossas portas, devia de aí ficar.

Ninguém tem o direito de especular ou falar do que não conhece. Já passaram pelos Companhia Limitada alguns elementos, que por esta ou por aquela razão acabaram por seguir outros caminhos. Se estão melhor ou pior, não sei nem me interessa porque inveja é uma patologia da qual não padeço, porém, tenho a certeza de que um dia mais tarde, irão reconhecer que alguns dos melhores anos da sua vida, foram passados quando estavam ao serviço dos Companhia Limitada.
Só que nesta altura do campeonato, o desgaste que isto me tem provocado é enorme! E ao fim destes anos todos questiono-me, e que me perdoem os verdadeiros, se os “amigos” que eu tenho tido, não têm sido mais do que parasitas, quiçá chatos agarrados aos meus tomates que me têm sugado, a torto e a direito, o sangue a alma.

Não estou a dramatizar, mas começo a preocupar-me e muito, com as minhas escolhas porque, bolas, é cada tiro, cada melro. E por mais voltas que dê, o ciclo repete-se ou seja, extraio um “dente” podre, logo arranjo outra cárie, nem nos postiços já posso confiar.
Estou farto de recomeçar, de querer acreditar que quem vem a seguir seja a pessoa certa, de expor a minha vida, a minha intimidade, os meus planos e os meus receios a pessoas que, pela certa, mal percebem que não estão de acordo comigo batem a asa e começam a sujar a água que até aí beberam.

Começo a questionar-me e a ficar na dúvida, afinal a minha privacidade passa a zero sempre que isto acontece. E tudo, porque eu não sei ser de outra maneira se não me entregar totalmente, mas caramba, apesar de me sentir com um espírito bem contemporâneo, o meu B.I nunca me deixaria mentir, nem eu faço questão disso. Afinal eu já cheguei até aqui, com a graça de Deus e do meu Anjo da Guarda e os meus detratores não sabem até onde chegarão. Eu tenho uma história de vida repleta de luta e sacrifícios, orgulho-me de dizer que nunca ninguém me deu nada, que não me tenha esforçado o suficiente por merecer, mas quando tenho de recomeçar de novo, dou por mim a questionar-me, será que vale a pena?
Porra, andam para aí pessoas que até da merda fazem dinheiro, e percebam que a palavra “dinheiro” aqui é meramente figurativa, porque se o meu objetivo fosse esse, eu nunca adotaria uma atitude altruísta e solidária como até aqui, tem sido a minha atitude social.

Agora vou “arrancar” com um novo projeto, adoro Bee Gees eles eram uma banda fabulosa, autores inspirados que escreveram músicas lindas. Para lhes prestar um tributo, ao nosso nível e como eles merecem, vou ter de me empregar a fundo e ter uma equipa sólida e esforçada, que esteja pronta a abdicar de outras “distrações”, nos próximos meses, por esta causa. Mas já começo a questionar-me se vale a pena? Se não estará na altura de calçar as pantufas e mandar tudo prás urtigas?
Estas interrogações são fruto dos amigos da Onça, Petrarca e Peniche, que arranjei sem pedir nada em troca, aliás este é o meu eterno mal, dou demais para quem nada merece e o pior é não ter maldade para perceber que, quer eu queira quer não, há pessoas que não prestam mesmo! Enquanto eu não souber separar o trigo do joio, nunca irei passar de uma lagartixa que nunca chegará a jacaré.

Neste momento tenho ao meu lado a equipa que me dá alento para continuar, os meus filhos Lígia e Miguel e a incontornável Sónia, que comigo formam os “Fabulous Four” dos Companhia Limitada, tudo isto sob a supervisão do meu anjo da guarda na Terra. “Marizé B.” Adoro-te mulhé…. E Deus nos dê saúde para me puxares para cima quando eu caio, mesmo que tenhas de meter o dedo no carcará lolllll, para eu arrebitar, afinal é como tu dizes, na minha idade já não preciso de provar nada a ninguém que não me queira ver ou fazer feliz.
Porque!

Quando me sinto amarrado a correntes com elos do mais puro aço, Deus mune-me de um potente maçarico chamado Fé e com ele desfaço-me das dúvidas nas calmas.     

Ainda assim, eu continuo a questionar-me QUEM EU SOU E O QUE FAÇO AQUI!
Quer dar-me uma ajuda?

Tá dito? Tá Feito!
Carlos Camarão (Mentor do projeto musical Companhia Limitada)