terça-feira, 8 de novembro de 2011

COM ISTO É QUE EU EMBIRRO PALAVRA DE HONRA! (Desabafos 5)

A minha memória é uma caixinha de surpresas, que ora me deixa orgulhoso por me proporcionar grandes e autênticos flashbacks, ora me deixa confuso porque não me consigo lembrar do que almocei ontem.
Ok, já sei que estou em velocidade de cruzeiro na idade dos “entas” e isso pode ser o móbil deste “chove e não molha “ mas ainda assim, acho que é por a “dita” conter demasiada informação que, de vez em quando, já vai “gripando”.
Na verdade, em virtude da minha vida ter vindo a ser sempre muito preenchida com os mais díspares afazeres, deparo-me muitas vezes com o facto de, ao captar uma simples conversa de terceiros, desatar automaticamente a cruzá-la com informações, há muito arquivadas na minha memória, tipo base de dados das finançasJ. Quando consigo chegar a um final conclusivo, fico muito satisfeito, caso contrário, fico super confuso. Hoje, ao ouvir um locutor de uma rádio Nacional dizer “… a música que vai passar a seguir, diz-me muito porque foi a primeira música que eu toquei quando vim para esta estação” (fim de citação).
Lembrei-me, imediatamente, da minha saudosa amiga Mariette Pessanha (grande artista Barreirense) e das nossas saudáveis discussões quando as opiniões não convergiam, nas quais éramos pródigos. Uma delas e que sempre ficou sem resposta, foi quem é quem na autoria das canções. Na opinião da Mariette, ela entendia que o criador, era o artista que cantava a canção e a “imortalizava”, na minha opinião e como autor eu defendia que o criador era o poeta, ou o músico que compunha a canção. Muitas vezes, lá no nosso “barraco” onde fazíamos os ensaios para os muitos espectáculos em que colaborámos juntos, quando o assunto era, o quem é quem, o caldo entornava-se e nas muitas vezes que nos debatemos, nunca chegámos a acordo.
E já está! Outro flashback.
De repente, veio-me á memória um espectáculo que os Companhia Limitada, fizeram nos “Franceses” (Sociedade Centenária do Barreiro), numa comemoração de mais um aniversário daquela Colectividade Barreirense, onde nós fomos fazer uma pequena intervenção musical. Foi um espectáculo com plateia e a Mariette Pessanha, estava presente como convidada da Direcção. Eu não sei porque “carga de água” fui buscar o assunto, mas não resisti à tentação de publicamente pôr em causa a divergência das nossas opiniões nesta matéria e claro a nossa actuação, foi encurtada porque a minha amiga resolveu defender a sua “dama” e de que maneiraJ. Só posso dizer que eu em cima do palco e a Mariette na plateia criámos um debate tão fervoroso, como poucos a que aquelas paredes tinham assistido, para gáudio dos presentes claro. Quem ganhou? Quem ganhou!..? Ninguém, por isso é que ainda hoje eu convivo com esta dúvida. No entanto porque eu não sou irredutível com os meus pontos de vista, tenho feito um esforço para perceber afinal quem é quem?
Ora bem se eu for à pesca, isso faz de mim um pescador? Se eu adoptar uma criança e a ajudar a crescer, faz de mim o seu educador? Se jogar futebol com os amigos ao fim de semana, isso faz de mim um jogador? Acredite quem quiser que eu não estou a brincar!

Pode até ser burrice minha, mas se acha que me pode ajudar, (envie um email para carloscamarao@netcabo.pt)

Eu já compus e editei muitas músicas, estou inclusivamente inscrito na S.P.A como autor, pergunto? Se alguém pegar nas minhas músicas ou textos e sair por aí a interpretá-los, independentemente do sucesso que possa vir a ter, isso retira-me o título de criador das mesmas?

Eu acho que a dúvida está na palavra “criador”, que com certeza poderá ser interpretada de várias maneiras.
Será? Nunca consegui chegar a uma conclusão.

Mas agora perguntará você, mas que raio tem o título deste “desabafo” com este assunto?

Pegando ainda nas palavras do locutor de serviço, esta manhã, na “tal” rádio, fiquei com uma certeza. Ele como profissional de rádio até que leva o seu jeito e nada tenho a dizer, mas não é músico, nem nada que se pareça, então porque “raio” diz ele “foi a primeira música que eu toquei nesta estação”. Comecei logo a cruzar dados e lembro-me, de repente, dos Dj’s que andam por aí a dizer: hoje fui tocar a tal sítio, ontem toquei na discoteca tal e amanhã vou tocar ao papagaio real. Foi tocar ou pôs discos a tocar?

Atenção que eu não estou a desprestigiar o trabalho de um Dj, tal como em qualquer outra arte há bons e maus profissionais sei, por experiência própria, que para se ser um bom Dj tem de se ter muito talento e são precisas muitas horas de treino e dedicação. Não questiono o valor do seu trabalho mas sim a forma como eles se expressam. Vou tocar?

Um Dj toca ou põe a tocar um CD? O artista que canta a canção de um determinado autor é o intérprete ou é o criador? Aquele locutor que hoje disse o que atrás referi, é um animador que passa música e então só porque passa música, dá-lhe o direito de dizer vou tocar? Toquei? Se não é músico, porque é que ele diz “foi a primeira música que eu toquei”?

Não é por mais nada, mas é que eu ando nesta dúvida há muitos anos e como gosto de ter a certeza do que digo e faço, aqui deixo o meu sincero apelo a quem quiser debater este assunto comigo. Juro que farei uma síntese e colocarei aqui neste Blogue a conclusão final.

Estava muito descansado, na minha higiene matinal, quando este garboso locutor me instalou novamente a dúvida adormecida e me fez parar o trânsito intestinal, o que me deixou stressado, reavivando-me uma dúvida com a qual até já tinha aprendido a conviver, mas preciso de tirar este assunto a limpo de uma vez. Não é por nada mas parafraseando um artista conhecido da nossa praça,

COM ISTO É QUE EU EMBIRRO PALAVRA DE HONRA

Tá dito, Tá feito.

Carlos Camarão (mentor do projecto musical Companhia Limitada)